23 de setembro de 2015

quarta-feira, setembro 23, 2015
Título Original: Laggies
Direção: Lynn Shelton
País: EUA
Ano: 2014
Elenco: Keira Knightley, Chloë Grace Moretz, Sam Rockwell, Kaitlyn Dever, Jeff Garlin, Ellie Kemper, Mark Webber

"Você não pode continuar pondo de lado aquilo que você quer por causa de um futuro imaginário. Você tem que se agarrar ao que quer e ir com tudo!"

Quem nunca se viu comparando a própria situação com a dos amigos e parentes, comparações das quais, em grande parte das vezes, nunca levamos a melhor? E quando nos sentimos cobrados a agir desta ou daquela maneira simplesmente porque a nossa idade "pede" isso? Encalhados (Laggies, EUA, 2014) é sobre essas questões.


Meg (Keira Knightley) está perto dos trinta e quando percebe que suas amigas de ensino médio estão casando, tendo filhos e ocupando o tempo com preocupações frívolas, descobre-se deslocada de tudo isso. As loucuras da época de escola viraram lembranças e não têm mais espaço em suas vidas comuns e engessadas de adultas. Acomodada demais para exercer a formação acadêmica, Meg se contenta em ser simplesmente a “garota da placa” para a empresa do pai, do qual ainda depende financeiramente. Resumindo: sua vida está "encalhada".

Numa relação morna com o namorado de colégio, com quem vive, Meg se dá uma semana afastada de tudo para repensar a vida e resolver o que de fato fará dali pra frente. É então que ela conhece Annika (Chloë Grace Moretz), uma adolescente descolada e bem madura para a idade, e seu pai, Anthony (Sam Rockwell), um advogado cuja esposa o abandonou há seis anos, e, após uma série de acontecimentos, passa a se hospedar na casa deles durante essa semana decisiva. O que acontece daí para frente é história.
 
Mesmo com as fórmulas e reviravoltas prontas das comedias românticas, Encalhados vale a pena sobretudo pelo elenco, que tem química e faz com que nos afeiçoemos aos personagens e seus dramas. Diferente do que a tradução que o longa recebeu no Brasil possa sugerir – o título original, Laggies, é um termo que não tem tradução equivalente para o português – o “encalhamento” de Meg não diz respeito ao seu estado civil ou a incapacidade de arrumar namorado – já que ela já tem um –, mas sim ao estado em que sua vida como um todo se encontra: Meg é incapaz de tomar decisões por si mesma, não gosta de assumir responsabilidade e está isolada numa zona de conforto que não lhe faz nada bem. Ao mesmo tempo, não vê sentido no caminho previsível que suas amigas optaram e se deixa levar pela sensação libertadora de ser adolescente outra vez que a amizade de Annika lhe traz, frequentando festas e vandalizando casas.

É filme sobre crescer; sobre as cobranças que a sociedade impõe, sobre ter medo de tomar decisões, o que inevitavelmente leva qualquer um à passividade que faz com a vida fique, como a própria Meg chega a dizer, a esmo.

Ao colocar a idade adulta como uma inevitabilidade e não uma opção, Encalhados mostra que a ideia da maturidade pode ser cruel, mas que bem pior é tentar fugir dela.

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