Autor: Jane Austen
Gênero: Romance
Páginas: 295
Editora: Martin Claret
SINOPSE:
Este romance concentra sua
narrativa nas idílicas tramas de amor e desilusão em que duas belas
irmãs inglesas se envolvem - Elinor e Marianne Dashwood - quando chega a
idade do casamento. À procura do amor verdadeiro, as filhas órfãs de
uma família pertencente à pequena nobreza enfrentam o mundo repleto de
interesses e intrigas da alta aristocracia. Marianne e Elinor
representam polos opostos do universo ético de Austen - enquanto
Marianne é romântica, musical e dada a rompantes de espontaneidade,
Elinor é a encarnação da prudência e do decoro.
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RESENHA
Como já havia lido Orgulho & Preconceito (resenha em breve) antes, não foi com muita surpresa que eu me deparei com o estilo Jane Austen de contar histórias. Não é segredo que tenho preferência por narrativas mais ageis, mas a trama dessa obra, que pode parecer meio morna nas primeiras páginas, esquenta e ganha um ritmo muito gostoso no decorrer da leitura, mesmo com todo o estilo rebuscado de Austen.
Pelas duas obras que li da autora até agora, pude perceber que a escritora
faz é pintar verdadeiros retratos de seres humanos, com o mérito de não
cair no sentimentalismo. É tudo muito crível, tanto que você acaba vendo
traços de um conhecido ou até mesmo seus em britânicos que viveram no
século XVIII.
Gostei dos paralelos traçados nas personalidades de Elinor e Marianne
Dashwood. Elinor é de longe a minha favorita! O jeito frio, quase
apático, como ela interpreta e lida com as situações e com os próprios
sentimentos me impressionaram. Muito embora essa ponderação toda tenha
me incomodado em alguns momentos e eu ter desejado que ela tivesse sido
um pouco mais espontanea, eu achei ela demais! Já Marianne é a "banda
voou" das duas: não tem papas na língua e fala o que pensa e sente sobre
qualquer coisa e a qualquer um. Como um verdadeiro livro aberto, ela
não possuiu o auto-controle de Elinor para esconder seu estado de
espírito. É explicita, tanto na alegria, quanto na tristeza, e foi com
um pouco de tristeza que eu vi amadurecimento ao qual ela foi forçada a
passar depois de uma decepção amorosa; preferia a Marianne mais
"escancarada". Me pareceu que Jane Austen defende que no final das
contas, você tem mesmo é que se comedir e que vale muito mais a pena
você guardar o que acha pra si mesmo. Grande parte da culpa talvez seja
(ou com certeza é) da sociedade da época, onde as pessoas,
principalmente as mulheres, precisavam sempre policiar os próprios
sentimentos.
Além das irmãs protagonistas, os secundários também têm seus méritos: mesmo alguns soando meio caricatos, no fim acho que foi exatamente essa a intenção da Jane, e é tanta hipocrisia que a gente ri mais do que sente raiva. Destaque para os odiáveis Lucy Steele e Robert Ferrars: os dois são a tampa e a panela.
Mas apesar da galeria de personagens ser tão cativante quanto a de O&P, achei os mocinhos meio fracos. Não consegui sentir pena do Willoughby e a redenção de Edward no final também não me desceu. O Coronel Brandon é o único que sustenta a ala masculina aqui. Outro ponto negativo é o desfecho. Tudo bem que o Coronel Brandon merecia um final feliz, mas a relação dele com Marianne, que o desprezava no início, ficou meio forçada. O mesmo vale pra Marianne e Edward: foi rápido demais.
Mas enfim, Razão & Sensibilidade (ou "Sentimento", como em algumas traduções) valeu a leitura. Jane Austen reforçou a estima que, graças a Orgulho & Preconceito, eu já tinha dela: uma escritora que faz jus ao prestígio que possui.
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