Diretor: Woody Allen
País: EUA
Ano: 2015
Elenco: Joaquim Phoenix, Emma Stone, Parker Posey, Jami Beckley
“Esqueci a razão de viver, e quando lembrei, ela não era
convincente”.
Em Homem Irracional
(Irrational Man, EUA, 2015), Abe Lucas (Joaquim Phoenix) perdeu o gosto pela
vida ou, como diagnosticado por uma personagem, falta de esperança. Professor
de Filosofia recentemente abandonado pela esposa, Abe chega ao novo emprego na
Braylin College fazendo jus a sua reputação de azedo e blasé, lecionando sobre
Kant e Kierkegaard com distância e indiferença e levando a vida no piloto
automático. Nem mesmo a aproximação de Jill (Emma Stone), uma jovem aluna brilhante
e entusiasmada, e de Rita (Parker Posey), uma colega de trabalho cujo casamento
caiu na mesmice, parecem surtir efeito sobre o seu desgosto aparentemente
incurável pela vida. É somente depois de ouvir por acaso uma conversa numa lanchonete
que Abe se vê assolado por um insight que o salvará da rotina massacrante: Abe
decide cometer um assassinato.
Homem Irracional aborda a disparidade entre a ética normativa e
o que próprio Abe chama de “vida real”, e ainda recai sobre o tema da insatisfação na qual todos os
personagens parecem estar afundados – e que sofre variações que vão desde a
vontade de Jill de largar o namorado perfeito pra se lançar numa relação incerta
com seu mentor alcoólatra e brilhante, até as necessidades mais viscerais de Rita e de Abe de saírem do buraco em que se encontram, e tudo
isso culmina numa tragédia moral. Até sobra tempo para uma
brincadeira de detetive que Woody Allen adora fazer.
Mas Homem Irracional é essa crônica sobre a filosofia e o enlace entre a comédia e a tragédia, que encaminham a história para um desfecho inevitável. O mais curioso da experiência de assistir essa obra foi que, após seu derradeiro ato extremo de irracionalidade, Abe conseguiu arrancar uma risada breve e sádica de alguém na fileira atrás da minha. Resumiu perfeitamente o espírito do filme.
0 comentários:
Postar um comentário