24 de fevereiro de 2013

domingo, fevereiro 24, 2013
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Título: As Crônicas de Nárnia (Volume Único)
Autor: C.S. Lewis
Gênero: Fantasia
Páginas: 792
Editora: Martin Fontes

SINOPSE: Viagens ao fim do mundo, criaturas fantásticas e batalhas épicas entre o bem e o mal. O que mais um leitor poderia querer de um livro? Em "O leão, a feiticeira e o guarda-roupa", escrito em 1949 por Clive Staples Lewis, tem toda a mistura e fantasia que somente Nárnia pode trazer para você. Mas Lewis não parou por aí... Seis outros livros vieram depois e, juntos, ficaram conhecidos como As Crônicas de Nárnia.

Nos últimos cinqüenta anos, As Crônicas de Nárnia transcenderam o gênero da fantasia para se tornar parte do cânone da literatura clássica. Cada um dos sete livros é uma obra-prima, atraindo o leitor para um mundo em que a magia encontra a realidade, e o resultado é um mundo ficcional que tem fascinado gerações. Esta edição apresenta todas as sete crônicas integralmente, em um único volume.

Os livros são apresentados de acordo com a ordem de preferência de Lewis, cada capítulo com uma ilustração do artista original, Pauline Baynes. Enganosamente simples e direta, As crônicas de Nárnia continuam cativando os leitores com aventuras, personagens e fatos que falam a pessoas de todas as idades, mesmo cinquenta anos após terem sido publicadas pela primeira vez.

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RESENHA (contém spoilers, mas é coisa bem leve)

Primeira resenha no blog \o/

"As Crônicas de Nárnia" é uma saga de fantasia bastante peculiar. A narrativa fácil pode enganar os mais desatentos e fazê-los enxergar nesse conjunto de sete histórias meros contos infantis. Mas não são.

É meio impossível analisar a obra desconsiderando todo o apelo cristão que ela carrega. Está lá, pra qualquer um que conheça o básico do cristanianismo ver: Jesus personificado num leão falante, o Judas num garotinho britânico, o capeta marcando presença na pele de uma impiedosa feiticeira, além de toda a lição sobre a importância da moral, do perdão, do amor... Tanto que "O Sobrinho do Mago", a primeira crônica, mais parece uma versão com bichos falantes do Gênesis, enquanto o "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa", a segunda, uma grande alegoria fantástica ao conto biblico da cruficação e ressurreição de Cristo.

Engraçado, lembro de alguém criticando esses livros por cataquizarem as pessoas sem que elas soubessem. Longe de concordar com o radicalismo dessa afirmação, achei interessante e muito bem trabalhada essa, por falta de termo melhor, "releitura" que Lewis fez. É claro, não estou dizendo que você deve lê-lo com o pé  atrás e interpretar cada parágrafo como "hum, isso aqui é cristão". De jeito nenhum. "As Crônicas de Nárnia" é tão apaixonante que se sustenta sozinha como uma boa fantasia.
Ironicamente, as crônicas de que mais gostei foram as já citadas "O Sobrinho do Mago" e "O Leão a Feiticeira e o Guarda-Roupa", e a que encerra a coleção, "A Última Batalha". "O Cavalo e seu menino" também é bastante divertido!

Lewis tem um jeito simples de escrever, com humor, objetividade e, sem perder a mão nos enrolando com firulas, o autor construiu um estilo bem único de contar uma história.

Exatamente por terem essa narrativa infantil, não espere nenhum desenrolar espetacular dos personagens: é bem verdade que Lewis demarca bem a personalidade de cada um (principalmente a dos irmãos Pevensie e o primo insuportável, Eustáquio), mas é tudo muito por cima, sem se aprofundar no desenvolvimento psicológico deles. Talvez Edmundo e Eustáquio sejam os que mais chegaram perto disso. Claro que esse aspecto não diminui a obra, muito pelo contrário: ficaria até incabível num livro que tem na simplicidade um de seus maiores atributos. Trabalhar os personagens dessa forma só lhe confere mais fluidez.

Aslam, o Grande Leão, é o personagem de quem mais gostei. Suas frases, e melhor ainda, suas atitudes, são de uma profundidade e uma ambiguidade que me deixaram bastante intrigado.

Há alguns pontos controversos que gostaria de ressaltar. Primeiro, toda a polêmica sobre o desfecho do ultimo livro, quando Susana, a menina mais velha dos Pevensie, se torna indigna de entrar na Verdadeira Nárnia basicamente porque descobiu a sexualidade. Tenho duas possibilidade sobre qual a verdadeira intenção de Lewis ao escrever isso: 1) Com o bom cristão que era, ele pretendia demonstar o quão dificil é manter a fé nos dias de hoje e reforçar o cuidado que devemos ter com relação aos mimos mundanos ao quais temos acesso, porque eles podem nos desviar do caminho de Deus; 2) o autor era daqueles religiosos extremistas que pregam que ou você se abstém totalmente dos prazeres carnais ou vai direto pro mármore do inferno quando morrer.

Por falar em mármore do inferno, eu li também sobre outra controvérsia levantada na obra: a aparente desaprovação que Lewis tinha pelas outras religiões, principalmente as hinduístas, ao retratar um povo de pele escura, barba e turbantes na cabeça que eram maus e agiam em nome de um deus pagão chamado Tash. Nesse ponto, o escritor foi muito mais explícito.

Admito que gostei muito e me surpreendi com As Crônicas de Nárnia. Esperava apenas encontrar uma boa aventura, e de jeito nenhum pensei que fosse me deparar tantas entrelinhas numa obra que, até pouco, eu julgava ser só um livro pra crianças.


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