Sequências são sempre perigosas,
pois geralmente vêm cercadas pela expectativa de superarem seus originais e
acabam falhando vergonhosamente. Felizmente, esse não é o caso de “Harry Potter e a Câmara Secreta”,
segundo livro da saga do menino bruxo, que além de manter o nível de seu
antecessor, dá um frescor renovado a história.
Na nova aventura, Harry ingressa em
seu segundo ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts para mais magia e descobertas.
Ignorando o aviso enigmático do elfo doméstico Dobby, o menino volta à instituição e se
vê no centro de uma trama onde uma misteriosa criatura, liberada da lendária Câmara
Secreta, começa a petrificar alunos e professores de Hogwarts – aparentemente nem fantasmas
estão imunes à fera. Não demora para que Harry passe a ser visto como responsável
pelos ataques, e com a ajuda de seus fiéis amigos Ron e Hermione, ele passa a
correr contra o tempo para resolver o caso, limpar seu nome e salvar o dia.
As cenas desse segundo livro
estão ainda mais engraçadas e inventivas: a viagem de Harry e Ron para Hogwarts
no carro voador do pai de Ron; a árvore que luta – e que não deixa barato para
ninguém, diga-se de passagem –; a Poção Polissuco, que faz com que a tome assuma a forma física de
outra por um tempo determinado; o flashback feito através de um diário mágico, etc. Além disso, temos uma nova sequência de quadribol,
o esporte dos bruxos praticado em vassouras voadoras.
“Câmara Secreta” acrescenta novos
personagens e informações ao universo mágico potteriano, e uma pista do
amadurecimento da história é a abordagem mais explícita de um tema já
apresentado no livro anterior: a intolerância. Os principais alvos do monstro da
câmara secreta são alunos nascidos trouxas (filhos de pais não-bruxos), grupo que na
visão da elite racista dos bruxos “puro sangue” é indigno de estudar magia. A
criatura serviria como uma arma para “limpar” a escola dos jovens impuros.
Tendo esses dois polos representados por Hermione Granger, a melhor amiga de
Harry que nasceu de pais trouxas, e Draco Malfoy, o
rival esnobe e mimado de sangue puro, a história mostra o quão longe a ideia extremista
de superioridade baseada na descendência étnica pode levar. Claro que esse volume
ainda não vai assim tão longe, mas confirma que esse será
um tema predominante dali pra frente.
Esses e outros pontos demonstram o quanto “Câmara Secreta” é um avanço significativo para a série, com uma trama onde o tom aventuresco de seu anterior cede lugar a uma trama ainda
mais engraçada, sombria e criativa.
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