13 de junho de 2015

sábado, junho 13, 2015
 
Cada um com sua Loucura é uma tentativa de literatura que já nasceu com a responsabilidade de ser a primeira, embora eu não acredite, e aqui coloco como uma crença que se limita somente ao meu caso, que qualquer erro de autor iniciante não deve ser perdoado. Mas assim: se qualquer característica desagradar o leitor tanto em estilo quanto execução, se alguma passagem for ofensiva ou se algo não estiver suficientemente bem escrito ou nem mesmo passar perto de soar engraçado, peço perdão, mas fiz o melhor que pude. Qualquer outra coisa é defeito de nascença. Do livro e meu.

Texto extraído da orelha de Cada um com sua Loucura, publicado de forma independente.

Acho que esse trecho ilustra bem o que quis com a criação deste livro: diversão. Na verdade, a publicação foi antecedida por um longo período de hesitação e teimosia, onde eu pensava que se fosse mesmo publicar (porque essa etapa nunca foi prioridade), só o faria por pseudônimo. A exposição me assustava. Mas alguns meses depois e, quem diria, cá estou eu, e lá está meu nome, na capa do livro! Então o que isso significa? Que se eu tinha um bom motivo para não querer ser associado a esta publicação, descobri que possuía vários outros para não importar mais com esta questão - que aliás, que só virou problema por culpa única e exclusivamente minha.

Numa breve análise dos escritores que publicaram sob pseudônimo, é fácil ver que a maioria o fez por medo da repressão ou para preservar a própria carreira (motivo que fazia um autor de histórias de mistério assinar com um nome diferente um romance erótico ambientado na Inglaterra vitoriana, para dar um exemplo).

E como não tenho um nome a preservar - pelo menos, não ainda - nem sou uma tia solteirona do século XIX correndo sérios riscos de sofrer sanções sociais por escrever romances feministas, porque não? De qualquer forma, se hoje vocês estão vendo Igor Costa estampado na capa do livro ao invés de, sei lá, Max van der Wolff, foi por motivos de... Bem, qualquer coisa relacionada a liberdade.

Então eu penso assim: se não gostarem do livro, o pior que pode me acontecer seria  um grupo de intelectuais se reunir pra fazer chacota, como fizeram Tolkien e C.S. Lewis com aquele romance tido como o pior já publicado.

Quer dizer, parando para pensar agora, isso até que seria bem legal. 
Mas na verdade, mudei minha percepção acerca da escrita de ficção, e sinceramente estou vendo como uma evolução tremenda. Abandonei um projeto que me levou certo tempo para descobrir que não me significava nada, e que já não valia mais apenas chutar aquele cachorro que já tinha morrido há tempos, e que já havia nascido doente. Durante algum tempo, me vi compelido e me forçando a escrever numa vertente mais realista, ambicionando ser relevante. Mas que bobagem. Pra quê? O que eu tenho a ganhar com isso? 
Foi no exato momento em que parei de me levar a sério que passei a escrever com mais prazer, sem me cobrar qualidade o tempo inteiro, sem exigir racionalidade num âmbito onde apenas a criatividade, o fluxo de pensamento, o prazer pelas palavras fluindo fora de meu controle, que a escrita realmente aconteceu. Vejo essa comédia que escrevi , e que saiu mais curta do que eu imaginava, como um importante passo para a minha percepção de mim mesmo como escritor. Porque ela saiu justamente no momento em que parei de exigir suficiência (teórica, referencial, artística) e simplesmente parei de me cobrar.

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