11 de abril de 2014

sexta-feira, abril 11, 2014
http://skoob.s3.amazonaws.com/livros/1631/CARRIEN_A_ESTRANHA_1351081593P.jpgTítulo: Carrie, A Estranha (Carrie)
Autor: Stephen King
Gênero: Terror / Suspense
Páginas: 290
Editora: Ponto de Leitura
SINOPSE: Carrie, a Estranha narra a atormentada adolescência de uma jovem problemática, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como as garotas de sua idade. Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, objetos voam, portas são trancadas ao sabor do nada, velas se apagam e voltam a iluminar, misteriosamente.

Aos 16 anos, desajustada socialmente, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram. A vendeta vem à tona de forma tão furiosa e amedrontadora que até hoje permanece como exemplo de uma das mais chocantes e inovadoras narrativas de terror de todos os tempos.

Com tantos ingredientes de suspense, Carrie, a Estranha logo se transformou num enorme sucesso internacional e passou a integrar a mitologia americana. Ao ser transportado para as telas, em 1976, pelas mãos de Brian de Palma, teve a atriz Sissy Spacek e John Travolta em seus papéis principais.

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Conheci essa história por acaso, quando ainda era criança. Enquanto zapeava pelos canais, acabei parando no SBT quando a versão televisiva desse livro, feita em 2002, estava pra começar. Comecei a assistir sem dar nada e acabei gostando bastante. Lembro que, quando o filme terminou, fiquei um tempão pensando na história, com pena da Carrie. Torcia por um final melhor pra ela, mesmo com o filme indicando a todo momento que caminhava para uma tragédia, com um desfecho que obviamente não seria tão feliz assim...

Carrie White não tem amigos e sofre bullying desde que se lembra. Desde pequena ela dá indícios de possuir poderes sobrenaturais que se desencadeiam quando está com raiva ou muito triste; o que acontece é que Carrie tem o dom da telecinese e consegue controlar objetos com a força da mente, tipo a Matilda ou a Jean Grey dos X-Men. Orfã de pai, Carrie foi criada por sua mãe, Margareth White, uma mulher que com certeza vai mudar qualquer ideia que você tenha sobre fanatismo religioso. Logo se descobre (ou, se você já tiver pegado o espírito da coisa, se deduz) que a menina foi concebida num momento em que, segundo a própria Margareth, o diabo lhe atentava o juízo. Portanto, Carrie convive ouvindo que é não só o resultado de uma gravidez indesejada, como também o fruto de um pecado, um castigo de Deus. É pra desestabilizar a cabeça de qualquer um.

Mas aí Carrie fica adolescente e as coisas começam a mudar. Margareth prendeu-a durante todos esses anos e tentou usar sua obsessão religiosa pra alienar também a filha. Mas não deu certo. Privar a filha do mundo acabou por ser muito pior, para as duas. E finalmente os hormônios de Carrie explodem junto com seus poderes. E ela planeja fazer as coisas se tornarem bem diferente agora, tanto na escola quanto em casa, o que acaba culminando na tragédia acontecida na noite de seu baile de formatura...

Agora vou parar pra não soltar spoiler. Falando do livro em si, a narrativa não se prende somente à Carrie e fica pulando de um ponto de vista para o outro. Conhecemos portanto não só o lado da protagonista mas também o de outros personagens, como a Sue Snell, colega da Carrie que, após participar da brincadeira que desencadeia de vez a raiva e os poderes da menina, fica com remorso e decidi compensá-la (mal sabendo que sua ação vai ser, mesmo que indiretamente, o ponto-chave da tragédia do baile); o de Chris Hargensen, a patricinha mimada que não se conforma com o castigo que recebeu após a "brincadeira" contra Carrie e decide se vingar de todos; sem esquecer da Srta. Desjardin, a professora de educação física que também se compadece de Carrie, e de Thommy, o namorado de Sue, por quem Carrie nutre uma paixonite secreta, entre outros personagens que também se revelam importantes no desenrolar da história.

Além da própria alternância nos pontos de vista, a história também sofre pausas para dar espaço à trechos de notícias de jornal relatando o evento trágico (que acabou ganhando o nome de Baile Negro), assim como excertos de teses e artigos científicos que tentam confirmar ou refutar a veracidade dos poderes telecinéticos da menina, assim como entrevistas e relatos dos sobreviventes sobre a tragédia e sobre a própria Carrie.

É interessante perceber que, nas tentativas de descobrir os motivos que a transformaram nessa bomba relógio, fica claro que ninguém ali entendeu Carrie White como Sue Snell. Apesar de estar em meio a uma crise existencial de adolescente do tipo "o que eu vou fazer da minha vida, será que vou acabar como um clichê, como o resto das minhas amigas?", Sue conseguiu realmente se colocar no lugar de Carrie. Ela tentou imaginar o que seria, por um momento que fosse, ser Carrie White, ser aquela coisa feia e cheia de espinhas, humilhada e zombada diariamente, obrigada a conviver com uma fanática religiosa psicótica, não ter qualquer esperança sobre a vida..., particularmente, fiquei em dúvida se o que ela fez pela Carrie foi motivado por um remorso egoísta ou por uma legítima vontade de ajudá-la mesmo. Acho que foi pelo segundo, Sue é muita humana.

O que também me tocou na história foi que, ao mesmo tempo em que sentia vontade de fazer sua vida de cão dar certo, Carrie se atormentava com o dilema de ter que abandonar a mãe, que por mais miserável que fosse, continuava sendo a pessoa que cuidou dela e, para todos os efeitos, sua única família. Carrie também é muito humana. Como eu disse antes, mesmo com toda a atmosfera trágica que a história carrega desde o início, não tem como não torcer por ela. Carrie não fica se fazendo de coitada, muito pelo contrário, ela se mostra consciente de sua posição e começa a até a se mexer pra mudar as coisas. Infelizmente deu no que deu. mesmo com todo esse teor fantástico, o tema bullying também entra bastante em questão. 

Carrie, A Estranha foi meu primeiro Stephen King e fiquei muito curioso pra conhecer outros títulos dele. O Cemitério e O Iluminado já estão na minha lista. Espero que todos tirem um tempo pra conferir essa versão original da história, se possível antes de verem a nova versão que saiu agora nos cinemas. Não vão se arrepender. É uma leitura assustadora e triste, e que te faz pensar.


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