29 de janeiro de 2016

sexta-feira, janeiro 29, 2016
É comum reprimir um trauma do passado se entregando a vícios, a hábitos que ajudem simplesmente a não lembrar, não pensar. Em Shame, filme de 2011 dirigido por Steve McQueen, o protagonista é viciado em sexo, buscando obsessivamente pelo gozo para escapar de algo que em momento algum é explicado.

Brendon (Michael Fassbender) trabalha numa agência de publicidade e leva uma vida aparentemente comum. Com a exceção do seu vício descomunal por sexo. Brendon se encontra com mulheres ao monte, todos os dias. Seus computadores – até o do escritório – estão lotados de pornografia. Mas não é um “gosto” saudável: Brendon faz sexo desenfreado para aplacar algum vazio emocional. Sua rotina muda com a chegada repentina da irmã caçula Sissy (Carey Mulligan), espevitava, instável, volátil, que se hospeda em seu apartamento. Sissy é artista, canta em bares. Os dois têm uma relação delicada e a aparente aversão que Brendon sente por Sissy diz respeito a algo que a presença da irmã obriga Brendon a recordar.

Shame é angustiante, onde se fala muito pouco e muito pouco é explicado. As cenas oferecem distância em relação aos personagens personagens, e mesmo nos momentos de maior cumplicidade entre Brendon e Sissy, nada é dito as claras, e só podemos supor o que de fato aconteceu no passado daqueles dois irmãos.

As cenas de sexo de Shame têm pouco, senão nenhum, erotismo, puxando bem mais para melancolia. Têm um enquadramento atípico, e até a nudez não é provocativa. Aspectos coerentes num filme onde o sexo é quase uma patologia.


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