12 de janeiro de 2016

terça-feira, janeiro 12, 2016
“Harry Potter e o Cálice de Fogo” é o ponto de virada definitivo da saga. Se os seus antecessores traziam tramas que, ainda com aspectos sombrios, tinham finais felizes e tramas redondinhas, o final trágico do quarto livro da saga – o mais volumoso até então – dá adeus a qualquer pensamento otimista sobre as coisas serão conduzidas dali pra frente, conferindo uma dimensão mais madura e crua à história e que ditará o tom dos volumes restantes.

Após assistir a final da Copa Mundial de Quadribol, Harry retorna para o seu quarto ano em Hogwarts para descobrir que a escola foi escolhida para sediar o lendário Torneio Tribruxo, competição que se dá entre três das maiores escolas de magia da Europa. Porém, quando seu nome emerge misteriosamente do Cálice de Fogo, o objeto mágico que seleciona os participantes do evento, descobre-se uma nova trama para assassinar o famoso bruxo adolescente, já que Harry decididamente não se inscreveu para a tal evento (só bruxos maiores de dezessete anos poderiam se candidatar), conhecido pela alta taxa de mortalidade. Sem escolha, ele se vê obrigado a competir numa série de tarefas fantásticas que testarão sua habilidade junto dos três outros campeões, mais velhos e mais experientes que ele.

A maturidade que Cálice confere a história começa com o próprio protagonista, agora um adolescente de quatorze anos. Afora o retorno eminente Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e o Torneio Tribruxo em questão, agora ele também precisa se preocupar em como convidará Cho Chang, por quem se sente atraído desde o terceiro ano, para o Baile de Inverno, e não estará a salvo das frustrações amorosas. Os demais alunos de Hogwarts também começam a experimentar com mais vigor os desencontros do amor – aliás a atração Ron e Hermione se firma de vez aqui, com Ron protagonizando cenas de ciúmes hilárias. Fred e Jorge, os gêmeos encrenqueiros irmãos de Ron, ganham mais destaque e demonstram ambições de transformar suas estripulias escolares em negócio sério.

Harry também passa a lidar com o lado ruim da fama nas mãos da ardilosa Rita Skeeter, repórter sensacionalista do Profeta Diário que não mede esforços para desenterrar - ou, na maioria dos casos, distorcer ou inventar - podres a respeito de Harry. Outro professor de Defesa Contra as Artes das Trevas também dá as caras: Olho-Tonto Moody é um ex-auror (captor de bruxo das trevas) extremamente paranoico e intimidante, mas que se revela uma grande ajuda para o herói.

O livro tem ação quase ininterrupta e inúmeras subtramas que conferem ainda mais dinamismo ao enredo. As tarefas do Torneio Tribruxo são de tirar o folego. Uma coisa interessante na série é que o mundo bruxo não está isento dos problemas que assolam o mundo real, o que dá a ideia de que o a magia no contexto do universo potteriano é uma mera ferramenta, que não serve para resolver tudo.

ALERTA DE SPOILERS (Informações reveladoras sobre o enredo)

A morte de Cedrico Diggory é o simbolismo mais literal para a mudança de tom da série. Se a ressurreição de Lorde Voldemort já é uma óbvia constatação que as coisas não serão mais tão fáceis, o assassinato gratuito e brutal do colega de Hogwarts bem diante dos olhos de Harry é o exemplo mais hediondo do que realmente está em jogo dali pra frente.

Dumbledore também passa a ser uma voz mais ativa no combate ao Lorde das Trevas. O rompimento definitivo o sábio diretor de Hogwarts e o Ministro da Magia, Cornelio Fudge, que se recusa a acreditar no retorno Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, dá indícios de que exército do mal de Voldemort não será a única coisa que Harry e seus amigos precisarão enfrentar.

Encerro esse texto sobre Harry Potter e o Cálice de Fogo é o ponto de partida para os livros mais maduros da saga. A guerra no mundo da magia começou, e com baixas.


Leia também as resenhas dos volumes anteriores:

0 comentários:

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.