8 de janeiro de 2016

sexta-feira, janeiro 08, 2016
Annie Hall é considerado o filme que inventou a comédia romântica moderna. Antes dele, Woody Allen já havia feito fama como comediante em filmes de humor mais escrachado, até que em 1977 escreveu e dirigiu essa crônica sobre relacionamentos modernos que, mesmo quarenta e sete anos depois de lançado, continua fresco e atual como nunca.

Alvie Singer (Woody) é um comediante cético e pessimista que reflete sobre sua vida, infância, carreira, e acima de tudo, seus relacionamentos com as mulheres. Dentro eles, com certeza o seu breve e tempestuoso namoro com a excêntrica Annie Hall (Diane Keaton) foi o que mais se destacou, o que leva Alvie a ir dissecando sobre o que o que levou o namoro a terminar.

Além de claramente ter ditado os moldes que as comédias românticas seguiriam dali para a frente, o ineditismo de Annie Hall (que no Brasil ganhou o título horroroso, pra dizer o mínimo, de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa) também se deve ao fato do filme trazer pela primeira vez todos os traços que permeariam a obra de Woody dali para a frente: os personagens neuróticos, a bela e urbana Nova York como pano de fundo, as paranoias, os relacionamentos da nova era... Annie Hall equilibra realismo ao tratar de forma honesta as relações adultas do século XX ao mesmo tempo em que traz um humor genialmente surreal. Não tem grandes reviravoltas nem engana a audiência com cenas de humor bobo: com piadas ácidas que satirizam desde o governo até os reality shows, a obra de Woody Allen fala simplesmente sobre adultos que se apaixonam, vivem uma vida a dois e se separam quando não dá mais certo. Claro que nem sempre essas separações são fáceis, mas é a vida. Isso a propósito não é um spoiler, já que o monólogo de Alvie que abre o filme já avisa que Alvie e Annie não ficam juntos no final.

As atuações de Woody e Diane estão fantásticas, essa última então, está fenomenal. Se aqui, Woody consolidou sua persona de resmungão neurótico, Diane não ficou atrás, encantando a todos com a sua Annie desarticulada, excêntrica e apaixonante. A química e a naturalidade dos dois é inegável e rendeu cenas clássicas inesquecíveis - como quando, depois de ser obrigado a ouvir todo tipo de disparates de um pseudointelectual numa fila de cinema, Alvie "convoca" do nada ninguém menos que o filósofo Marshall McLuhan para dizer que o cara em questão na verdade é um babaca, ou a famosa cena da lagosta, essa originada de um improviso. A Academia reconheceu o filme com sete indicações, concedendo-lhe quatro estatuetas mais do que merecidas (Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Direção e Melhor Atriz, para Diane Keaton).


Annie Hall é um clássico que merece ser visto e revisto, inúmeras vezes.

Abaixo, o clássico monólogo que abre o filme.


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