Em Ordem da Fênix, a melancolia, a tensão e rebeldia estão mais
acentuados. Quinto volume da saga, a própria extensão do livro (são 706
páginas) pode servir de alegoria a densidade que a história assume, pois, sendo este o mais sombrio dos sete, grande parte das qualidades
otimistas tão presentes nos seus antecessores estão escassas, senão ausentes.
Depois de testemunhar o retorno Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, Harry, obrigado mais uma vez a passar as férias de verão
com os tios intragáveis, ganha uma visita surpresa de dementadores, os guardas encapuzados
de Azkaban, que atacam ele e ao seu primo Duda sem motivo aparente. Harry é então indiciado pelo Ministério da Magia por fazer feitiços fora da escola (eles se recusam a acreditar que o uso da magia foi para a auto-defesa) e não demora para o herói descobrir que
todo aquele alarde não passa de uma tentativa do próprio Ministério de desacreditá-lo, já
que ao invés de aceitar o retorno do Lord das Trevas, o Ministro da Magia prefere ver na história uma conspiração arquitetada por Harry e o diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore, para tirá-lo do poder. A propaganda negativa, entretanto, não foi o bastante para impedir que Dumbledore de agir, e logo ficamos sabendo também que o sábio diretor reconvocou em segredo a Ordem da Fênix, grupo de bruxos que criara
anos antes para lutar contra o lorde das trevas e seu exercito na ultima guerra
bruxa.
Só isso já serve para dizer que o quinto ano de Harry não vai ser fácil. Anteriormente um herói querido por todos, o jovem bruxo vê sua reputação despencar graças a um boicote promovido pela grande mídia, e agora figura nos jornais como um moleque desequilibrado que gosta de chamar atenção inventando histórias. Como se não bastasse, a chegada da detestável Dolores Umbridge, a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas e subordinada do Ministério da Magia, marca o início de um regime conservador – e tirânico – em Hogwarts.
Como já deu pra ver, Ordem da Fênix é cheio de subtramas e nuances. No papel de dar seguimento ao tom sombrio do anterior, logo nas primeiras páginas fica evidente a mudança que os acontecimentos trágicos provocaram em Harry; antes uma criança que, ainda que
relativamente consciente do perigo com o qual lidava, se deixava deslumbrar pelas regalias do
mundo da magia, Harry agora é um adolescente de quinze anos arisco e revoltado,
que, marcado pelos inúmeros traumas, sente-se solitário e isolado do
mundo – sentimento que acaba favorecendo os sonhos viscerais que ele vem tendo
com o Lorde das Trevas.
Mas é claro que há brechas para o humor tão presente na série, e, entre um drama e outro, Harry encontra tempo pra começar um namoro relâmpago e desastroso com a bela Cho Chang, com quem vem
flertando desde seu terceiro ano. Entre os novos personagens, destaque para a etérea e adorável Luna Lovegood, uma estudante excêntrica que se revela uma companheira indispensável em diversos momentos, além da própria Umbridge, uma das vilãs mais detestáveis da literatura. Neville Longbottom e Gina Weasley assumem um papel mais ativo, e Ron e Hermione, os fiéis companheiros de Harry, também ganham seu devido destaque.
Com uma escrita mais detalhada e confiante, J.K. Rowling também reserva espaço para cavucar o passado dos personagens, trazendo mais informações sobre o período dos pais de Harry em Hogwarts – descobertas estas que não favorecerão muito a figura heroica que Harry até então tinha do pai – e, mais importante, finalmente é revelado o motivo do Lorde Voldemort ter tentado matar o herói quinze anos atrás. Falando
em tragédia, é preciso dizer que o desfecho deste aqui acrescenta
mais uma baixa na vida de Harry, e desta vez nos despedimos de uma figura cuja
importância era muito mais acentuada, e, tanto por parte dos leitores quanto do
próprio Harry, a falta será mais sentida.
Em Ordem da Fênix, a ação e a aventura cedem espaço à tramas mais penosas, soturnas, sem grandes alardes. A tensão
torna-se palpável e, ao se tornar consciente do papel determinante que desempenhará na luta contra Voldemort, Harry também se dá conta de que ninguém, principalmente ele, está imune aos desdobramentos daquele embate.
Leia também as resenhas dos volumes anteriores:
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Acredito que também iniciarei uma "maratona HP" esse ano haha Infelizmente não li a saga na faixa etária ideal e até hoje venho enrolando a leitura por me achar velha demais e por já ter visto os filmes. Sua resenha me deu ânimo haha
ResponderExcluirQue isso, Harry Potter é para todas as idades, tem essa de faixa etária não haha Faça a maratona! Vou querer muito ler as suas opiniões sobre cada livro!
ExcluirAbração!