27 de abril de 2015

segunda-feira, abril 27, 2015
Foi a segunda vez que li Emma, e essa releitura foi a mais pura comprovação da genialidade desse livro. Meu Deus, Jane Austen.

Me admira como um livro continua sendo tão atual duzentos anos depois de ter sido escrito.

Alguns o acusam não ter enredo, de ser um mero "slice of life", onde trivialidades vão acontecendo e onde trama e enredo são preocupações secundárias. Nunca vi coisa mais descabida. Bem verdade que às vezes a sensação é que a obra não passa de uma sucessão de fofocas, jantares e especulações sobre a vida dos outros, mas não é só isso. Jane Austen satiriza, debocha e celebra os hábitos da sociedade rural inglesa do começo do século XIX de modo espectacular, e sim, comprova que é uma romancista que sabe ambientar e criar suspense como ninguém. Foi J.K. Rowling, inclusive, autora da série Harry Potter, que apontou este romance como um dos mais bem estruturados da literatura, no qual o narrador magistralmente joga terra nos nossos olhos, para que fiquemos tão cegos e alienados quanto Emma e não enxerguemos o que na verdade está se passando ali até ele decida nos contar.

De modo que me vi surpreendido - sim, mesmo o Mr. Knightley já tendo tido a sacada bem antes, me deixei enganar pela sandice da Emma - pelo noivado secreto do salafrário Frank Churchill com a come-quieta Jane Fairfax no final do livro. De modo que também fiquei triste pela constatação de que a dinâmica  "tutora x pupila" que permeou todo o relacionamento entre Emma e Harriet Smith só comprovava que, de fato, ali não existia uma amizade, pelo menos não uma duradoura. E de modo que fiquei maravilhado ao constatar que, no final, apesar de ter dado uma moderada na sua vaidade, a Emma na verdade continuou esnobe e longe de ser essa entendedora da natureza humana como acreditava ser. Esse título, por outro lado, é cabível a responsável por esse clássico atemporal. 
Vida longa à Jane Austen.

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