26 de dezembro de 2015

sábado, dezembro 26, 2015
"Bling Ring - A Gangue de Hollywood" conta a história de uma quadrilha de jovens de classe média alta de Los Angeles que invadiam casas de celebridades para roubar dinheiro, roupa, jóias e acessórios. Baseado em eventos reais, ocorridos entre 2008 e 2009, os crimes chamaram a atenção da mídia tanto pela facilidade com as quais os assaltantes tiveram acesso às casas dessas estrelas quanto pela aparente frivolidade dos mesmos, já que os elementos roubavam unicamente para imitar o estilo de vida dos ricos e famosos e não tinham o menor receio de se exibirem por aí com os itens roubados – na maioria das vezes sem nem mesmo se preocuparem em esconder a origem das barganhas.

O livro de Nancy Jo Sales é um tratado jornalístico acerca do caso que, ao mesmo tempo em que narra cronologicamente as atividades do grupo, desde as primeiras "visitas" à mansão de Paris Hilton até os furtos mais ambiciosos avaliados em milhões de dólares nas residências de gente como Orlando Bloom e Lindsay Lohan, vai a fundo num estudo sobre a geração de jovens que cultuam subcelebridades e seus estilos de vida superficiais, sem almejar outra coisa que não status quo. Para escrevê-lo, a autora contou primordialmente com o relato de Nick Prugo, delator da gangue e também o único menino, já que os demais membros não chegaram a confessar em nenhum momento a participação nos crimes.


A versão cinematográfica, lançada em 2013, ficou a cargo de Sofia Coppola, que decidiu adaptar a história para as telas após ler o artigo de Sales para a Vanity Fair, intitulado "Os Suspeitos Usavam Louboutins". Com uma narrativa lenta e propositalmente sem “alma”, o fato do filme imitar o estilo de um reality show não acontece por acaso, já que é justamente a fama fácil, a auto celebração e a exibição desenfreada da própria imagem, fatores-chave desse tipo de programa, os ideais que esses jovens almejam. Eles idolatram figuras como Paris Hilton e Lindsay Lohan, personalidades mais famosas pelas polêmicas do que pelo talento em si, como deusas, e desejam ter seus estilos de vida regadas a farra e itens de marca. A falta de escrúpulos demostrada pelos membros da Bling Ring é ao mesmo tempo absurda e coerente, já que em tempos de Facebook e subcelebridades, não é difícil acreditar que a alienação de uma geração tenha alcançado tal nível.


Tudo no filme, desde as cenas mortas em que os personagens não fazem nada além de experimentarem as roupas roubadas, até as falas aparentemente absurdas, como quando Nicky, personagem da Emma Watson, diz a uma profusão de jornalistas afoitos que “acredita ser capaz de governar um país um dia”, colabora para a impressão da superficialidade que Coppola quer retratar. É um filme vazio porque seu contexto é vazio, seus personagens são vazios e suas motivações, mais vazias ainda.

O retrato de uma geração que acha que vale tudo pela selfie perfeita. Até roubar.

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